segunda-feira, 26 de março de 2012

Trip Igatu janeiro de 2012.

Igatulands


A Rocklands basileira! Analogia feita por escaladores brasileiro referente à aparência de aglomerados de pedras parecidas com lugarejo na África do Sul ou por esta característica, o distrito é conhecido pelo apelido de Machu Picchu baiana que esta no Norte da Bahia numa referência à histórica cidade peruana de pedra. O nome "Igatu" é de origem tupi e significa "água boa", através da junção dos termos 'y ("água") e katu ("bom")... Essa história vem de uma viajem da qual acabo de retornar depois de mais de 3.000 km rodados no total!

Desde 2007, quando eu estava em Ouro Preto em um festival de Boulder , na qual teve a visita inusitada do espanhol Daniel Andradas, ouvi falar pela primeira vez em Igatu, onde alguns conhecidos foram gravar um filme para participar do BANF, festival de filmes de montanha, na época, desde então sempre quis conhecer Igatu, tanto que abri mão de viajar para Argentina para ir conhecer esse lugarejo magico de histórias inusitadas, que fica localizado na Chapada Diamantina, a vila de Igatu é diferente primeiramente por sua tranqüilidade de povo hospitaleiro e lugar exótico.


Igatu fica próximo ao distrito de Andaraí, distante 114 km de Lençóis. A vila que já teve por volta de 9 a 15 mil habitantes, atualmente conta com um pouco mais de 390 habitantes e é uma verdadeira cidade de pedra. A maioria dos garimpeiros construía suas casas utilizando as pedras abundantes no local, numa espécie de construção sem argamassa, aproveitando e fazendo das pedras negativas o teto de suas casas. Depois de abandonadas, as casas viraram ruínas que lembram as construções de civilizações remotas.

 O IFHAN é um órgão federal que regulariza e aprova projetos de novas casas no lugarejo, que pelo mesmo e mantendo suas características físicas naturais, nunca terá casa de dois andares ou menos de 20% de suas fachadas construídas de pedras.

Durante o mês de outubro de 2008, a pequena vila foi cenário do filme brasileiro Besouro,


O Homem Que Não Dormia (Ainda não saiu nos cinemas). Depois de 100 anos a praça continua com as mesmas características físicas de conservação.

"Sagrada" pra quem viveu lá durante o auge do ciclo do diamante. Hoje não há farmácias, o hospital mais próximo fica em Andaraí, a 12 km. Em outros tempos quem diria? Cabarés, cassinos, lojas, cadeia, cartório, cinema... Hoje, as mais belas cachoeiras, formações rochosas, rica história, hospitalidade e um pouco da cultura nacional.


Acredita-se que Igatu ou Xique-xique (como era conhecida) foi descoberta por volta de 1840, por garimpeiros e eles é que fizeram as obras em pedra que você pode encontrar por lá. Foi um século de exploração e riqueza e a decadência no século 20, quando a maioria das casas foi abandonada. Os próprios garimpeiros chegaram a destruir ruas inteiras em busca dos últimos diamantes o que deu início aos cerca de 7 km de ruínas que hoje podem ser visitadas.


... Igatu fica na Serra do Sincorá, seu "desenho" é de infinita beleza, como toda a Chapada Diamantina: vales profundos, chapadões o verde misturado ao cinza, marrom e rosa da secura do sertão. O vento zunindo e o som dos bichos parece dar voz às pedras. Debaixo de sol escaldante só os calangos, encontrados aos milhares, têm fôlego pra correr.

Luana Riscado, escaladora carioca experimentando os blocos de Igatu.

Na verdade não eram sós os calangos de Igatu, olhares curiosos e pessoas passando com seus crash pads nas costas (colchões quadrados p/ absorver impactos) usados para a prática do boulder modalidade predominante no lugarejo pela quantidade de blocos como já foi mencionado antes... Ainda consegui pegar a trip de Daniel Mendes da 4Climb, que já estava um bom tempo escalando por lá, mandaram vários boulders abriram vários outros e contribuirão muito para com o lugarejo, mal retornaram para casa em Minas Gerais e o povo local já sentiam sua falta.

Gustavo Fontes na foto.

Gustavo Fontes (Gustavin) escalador mineiro, que estava em Lençóis retornou para Igatu juntos das escaladoras cariocas Luana Riscado e Gláucia, junto o Bernardo que nos animava com seus Slacklines nas cachoeiras antes ou depois das blocadas!

Bernardo práticando highline no setor Perfumado
Foto: Sergio Santos
Esse lago permanece com a aguá quente mesmo de madrugada.

Para mim foi um grande aprendizado estar escalando com pessoas especiais, não só pela capacidade de fazer bem oque gostam, como por exemplo, o Gustavin que já mandou V13 no ano passado, 99 cadenas de V9, mas pelas companhias, gestos simples, risadas e histórias engraçadas... Uma nova jornada para mim que terei que focar por um bom tempo em meus estudos e outros novos projetos.

Gustavinho mandando o Camelo V10
foto: Sergio Santos

Gostei tanto do lugarejo que junto de minha parceira acabamos comprando um pequeno pedaço de terra em Igatu, para podermos voltar cada vez mais e mais nesse lugar maravilhoso.

Detalhes.

Pessoas que não podem deixar de serem mencionadas é o Carlera, que foi pioneiro e abriu várias e lindas linhas de boulders no lugarejo, Rafael Passos de Brasília que contribuiu com sua visita, na verdade aonde ele vai, sempre contribui de alguma forma com o esporte para o local.

Daniel Mendes na extensão do boulder Rosinha V5, que ele mesmo encadenou em janeiro.

Pessoal do Sul, Olivan e Bonga (Bonnier) contribuiram muito com a abertura de  várias vias de escalada esportiva no setor Labirinto.
Sergio Santos na cadena do Besouro V5.



A pequena cidade, atualmente possui atração do turismo ecológico que faz parte da Chapada Diamantina, a quantidade de habitantes de Igatu é contada um a um por Amarildo dos Santos, também morador, que, todo ano, registra o número de pessoas que nascem, morrem, se casam, chegam ou vão embora de Igatu, reunindo essas informações em livros manuscritos por ele mesmo e vendido em sua casa, que é também um ponto de venda de balas e doces onde tem escrito em uma placa, entre aqui e compre alguma coisa.
Sergio Santos na cadena da Casinha de Boneca V5.



O garimpo do brejo é uma antiga mina reestruturada para a visitação turística, onde se consegue muitas informações ao longo do passeio a mais de 700 metros adentro junto do guia local conhecido por Budega. Outro atrativo é a galeria de arte de Igatu.

Quem chega a Igatu pode ter uma aula de astronomia com o morador local Fernandão, guia e astrônomo, autor do livro Orientando-se pelas Estrelas.

Um ponto de interesse turístico é o ateliê do artista plástico Dmitri de Igatu, que pinta as belezas naturais da Chapada Diamantina. A agencia Igatu treking e escalada do Rafael é outro ponto de partida importante para se conhecer os atrativos que a chapada oferece.
Rafael de Igatu, mandando vias esportivas.

Outra pessoa que também merece ser conhecida é o Seu Guina, proprietário do Bar Igatu. Seu Guina conhece ou conheceu muitas das pessoas que fizeram a história recente de Igatu.

Mais uma pessoa em especial que esta sempre se dedicando e dando atenção a todos os escaladores e visitante é o nativo Luis Paulo (LP), sem ele por lá com certeza não seria a mesma coisa, falar nisso o seu irmão produz as casinhas de pedras que sem dúvidas é a lembrança mais memorável de sua visita ao lugarejo. Agora mesmo estou olhando pra minha ao lado do computador enquanto digito.

Outro ponto turístico interessante é a subida para a Rampa do Caim, caminhada fácil de aproximadamente dez quilômetros, culminando no mirante onde se pode ter uma impressionante vista para os vales do Paty e do Paraguaçu.

Dicas importantes:

Chegando a Igatu a melhor opção é alugar uma casa, geralmente as casas já estão equipadas... A não ser que esteja disposto a gastar mais de 90 reais de diária em pousada, na casa em que ficamos já tinha até mosquiteiro, oque foi de grande valia, pois existe tal mosquito chamado de aza arriada, que incomoda muita gente, rs...Por acaso se não encontrar casa já com mosquiteiro, tem um moço chamado Canaú que fabrica os mosquiteiros, se pode encontrar também em Andaraí com melhor preço, a partir de 24 reais, esse é o preço para noites tranquilas. Outra dica pessoal é não parar para comer logo após Itanhaçu, restaurante na beira da estrada onde tem os bodes amarrados, da uma pena comer ou tentar e ouvir os próprios bichinhos berrando e a soma da conta ainda veio triplicada, putz.

Para quem sai do Rio de Janeiro, vale a pena cruzar os três estados e dormir em Eunapolis, na volta resolvemos dormir em Feira de Santana numa pousada logo na chegada da cidade ao lado de um posto de combustível.

Outro perigo são as estradas, principalmente a BR 101, que é uma rodovia federal e não tem acostamento e quando tem, existem buracos por todos os lados, quebra molas mal sinalizados ou pedras enormes que caem dos barrancos e não são retiradas, resumindo uma verdadeira vergonha! Tenha muito cuidado.







Referencia bibliográficas: http://pt.wikipedia.org/wiki/Igatu

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